Novo filme de André Gil Mata, vencedor de uma bolsa da Filmaporto, é inspirado em conto de Kafka

“O Pátio do Carrasco”, de André Gil Mata, um dos projetos vencedores da Bolsa Neves atribuída pela Filmaporto —
film commission, terminou a rodagem e encontra-se em pós-produção. O filme, uma adaptação livre do conto “Um Fratricídio” de Franz Kafka, é passado num único cenário: um pátio recriado em estúdio na CRL – Central Elétrica, em Campanhã.

A ideia para o projeto surgiu em 2014 em Sarajevo, onde o realizador residia, mas acabou por transformar-se em
Portugal: “Por casualidade, fui ao Pátio do Limoeiro, em Lisboa, e comecei a interessar-me por esse local onde viveu o último carrasco português”, conta André Gil Mata. As duas histórias acabaram por cruzar-se dando origem à quinta
curta-metragem do realizador.

“O Pátio do Carrasco” vai saltando de personagem em personagem para narrar o mesmo acontecimento –
um assassinato – pela perspetiva de quatro pessoas: Schmar, o seu irmão Mr. Wese, Mrs.Wese e o vizinho Pallas.

O filme, que acompanha os diferentes quotidianos de um pátio onde todos se conhecem e sabem da vida uns dos outros, reflete também sobre as relações comunitárias e o conceito de privacidade. A ideia do ambiente das moradias em banda do Porto serviu de inspiração ao realizador: “O número de pessoas que vivia em ilhas no final dos anos 50 era enormíssimo.
Faz-me pensar em como seria a vida nesses lugares, onde existia uma relação humana de maior proximidade, em comparação com agora, em que as pessoas vivem isoladas e sem contacto com os vizinhos”.

“O Pátio do Carrasco” conta com Catarina Lacerda, David Almeida, António Júlio e o próprio André
Gil Mata no elenco. Da equipa fazem também parte Frederico Lobo (Fotografia) e Sandra
Neves (Direção Artística e Cenografia).

Esta é a primeira produção da Rua Escura – cooperativa do Porto formada por André Gil Mata, Frederico Lobo, João
Vladimiro, Luís Palito e Marta Lima – em coprodução com a Primeira Idade e a Agente a Norte. Além da bolsa atribuída pela Filmaporto, a curta-metragem conta com o apoio do ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual e da Fundação GDA.