Bairros históricos receberam filmagens de novo filme de João Vladimiro e Luís Palito

O Porto acolheu a rodagem do novo filme de João Vladimiro e Luís Palito, O Desaparecimento dos Pirilampos, com o apoio da Filmaporto. Cruzando elementos reais com uma narrativa ficcionada, a história acompanha um grupo de habitantes do centro da cidade, do qual se destacam três personagens singulares: João, Baptista e Paulo — homens de idades, origens e percursos distintos, mas unidos por um laço fraterno.

Partilhando um espaço comum, as três personagens iniciam uma jornada solitária em busca de algo indefinido e pessoal — um caminho onde se perdem e reencontram, numa dança contínua entre o concreto e o abstrato, o tangível e o efémero. É precisamente esta procura inquieta que os liga, enquanto as suas histórias individuais se entrelaçam num enredo de transformação e resiliência.

O ponto de partida de O Desaparecimento dos Pirilampos é um acontecimento verídico: o despejo de um pequeno tasco chamado O Balcão e do seu fundador, cozinheiro e empregado, João Cristo. A mudança abrupta de um negócio com décadas de história para um novo espaço embrionário — um estranho “castelo” onde João terá de recomeçar — inspira uma reflexão sobre uma cidade em constante transformação. “Destas mortes e nascimentos que a cidade impõe, criámos um espaço onírico, onde as leis e as regras dos Homens e do Tempo não se aplicam de forma tão intrusiva”, explicam João Vladimiro e Luís Palito.

Rodado maioritariamente nos bairros de S. Vítor e das Fontaínhas, o filme ganhou vida através de um elenco — composto por Ana Soares, João Cristo, Caco, Paulo Mota e Rui Pedro Baptista — em que grande parte dos intérpretes habitam ou já habitaram essas zonas. Mais do que um cenário, a cidade acaba por tornar-se um elemento fundamental da narrativa, moldando as histórias e os destinos das personagens. “O Porto influencia todo o percurso deste Desaparecimento porque o filme nasceu à beira-rio e a água está profundamente ligada à metáfora que propomos. Ao longo de uma extinta linha de comboio, que se estende Douro acima até Barca d´Alva, o nosso palpável limite terreno, buscamos-lhe a origem como forma de tentar compreender o seu percurso e o seu fim, como buscamos compreender o caminho da cidade e destes últimos pirilampos que a habitam”, concluem os realizadores.

Esta longa-metragem é, assim, um retrato poético e melancólico de uma cidade em mutação, onde os espaços, tal como as pessoas, carregam consigo histórias de resistência e reinvenção. O Desaparecimento dos Pirilampos é uma produção da OPTEC Filmes.