Porto transformado em cenário londrino para novo filme de Rodrigo Areias

As filmagens de “O Pior Homem de Londres”, a nova longa-metragem de Rodrigo Areias, passaram pelo Porto com o apoio da Filmaporto — film commission. O filme de época, com argumento de Eduardo Brito e produção de Paulo Branco (Leopardo Filmes), encontra-se em fase de pós-produção.

A narrativa decorre em Londres, na segunda metade do século XIX, e centra-se na vida de Charles Augustus Howell (Albano Jerónimo), um burlão lusodescendente conhecido por persuadir o poeta e pintor Dante Gabriel Rossetti (Edward Ashley) a exumar Lizzie Siddal (Victoria Guerra).

Filho de mãe portuguesa e de pai inglês, Charles Augustus Howell nasceu no Porto e emigrou para Londres aos 17 anos. Lá, torna-se secretário do influente crítico de arte John Ruskin, o que o leva a ascender na alta sociedade e a estar ligado ao movimento artístico mais importante da época, a Irmandade Pré-Rafaelita. A história do filme cruza-se também com um conjunto de episódios no contexto da conturbada situação política europeia: Howell esteve envolvido no atentado contra Napoleão III e nas tentativas de alteração do torno inglês.

Foi o escritor Arthur Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes, que atribuiu a Charles Howell a designação de “o pior homem de Londres”, introduzindo-o na ficção como um mestre chantagista.  No entanto, Rodrigo Areias discorda com a expressão: “Penso que o filme só conseguirá alcançar o seu objetivo se essa declaração for, no mínimo, interpretada com ironia. Na verdade, acho que o que permaneceu para a história foi a versão má de Charles August Howell e o que me interessa com este filme é também contar que o ser humano tem várias facetas. As pessoas não são planas, não são boas ou más, há uma série de razões pelas quais, por vezes, tomamos más decisões na vida com boas intenções”, explica o realizador. “Eu acho que esta personagem tem essa característica, que é muito portuguesa e com a qual me identifico, que é tentar ajudar toda a gente mesmo quando isso não é bom para ninguém”, acrescenta.

A ação do filme decorre em Londres, aproximadamente entre 1857 e 1882, em plena Era Vitoriana.  O Palacete Pinto Leite, a Casa Allen, a Casa São Roque, o Jardim do Museu do Romântico, o Jardim Botânico e o exterior do Centro Hospitalar Conde de Ferreira foram alguns dos cenários escolhidos para a rodagem. “A cidade teve, ao longo da sua história, uma relação muito forte com a comunidade inglesa, o que permite filmar em edifícios, jardins e até cemitérios e igrejas inglesas sem sair do Porto”, explica Rodrigo Areias.

“O Pior Homem de Londres” estará concluído no segundo semestre deste ano. O filme, com estreia comercial prevista para 2023, será também adaptado à televisão numa minissérie de três episódios para a RTP. Simon Paisley Day, Jean-François Balmer, Carmen Chaplin, Christian Vadim, Tom Shepherd, Maya Booth, João Pedro Vaz e Vera Moura completam o elenco da longa-metragem, cuja equipa técnica é composta por Jorge Quintela (Diretor de Fotografia), Ricardo Preto (Diretor de Arte), Susana Abreu (Figurinista) e Ana Pinhão Moura (Produtora Executiva).

O filme, produzido em associação com a Mrs. Frank (Países Baixos), conta com o apoio financeiro do Instituto do Cinema e do Audiovisual; do Fundo de Apoio ao Turismo, Cinema e Audiovisual; da Direção Regional de Cultura do Norte; da RTP; das Câmaras Municipais do Porto, Matosinhos, Viana do Castelo e da Junta de Freguesia de Alvarães.